O observou por um longo tempo. Seus gestos, sua ternura ao brincar, eram-lhe tão familiares. Estava tão imerso em seu mundo, seu jardim. Parecia inatingível. Que lindo que era! Seria um sonho ou seria real? A menina sem saber, neste momento estava sendo tomada por um grande amor. Que vontade teve de puder passar esse muro e só por um momento sabê-lo real. Ser vista por ele. Puder tocá-lo. Simplesmente tocá-lo.
O desejo da menina foi tanto, tanto, que tocou o menino. Ele sem saber bem o por quê olhou em direção a ela e, também assustado, percebeu que tinha uma fresta em seu muro. Teve medo da possibilidade de ser visto no mais intimo de seu ser. Estava acostumado a sua solidão. Caminhou rapidamente em direção a fresta, precisava fazer algo...
Qual foi a emoção da menina em vê-lo caminhar em sua direção! Imersa em seu amor, acreditou, ela, que ele lhe via... Mas o menino em nenhum momento a viu, a percebeu. O único que queria era não se sentir tão invadido. E, num gesto quase de sobrevivência, aproximou-se da fresta e a tapou com sua mão.
A menina incrédula deixou cair uma lágrima de seus olhos. Apenas uma lágrima.
é assim;sempre vai ser assim....nada muda!
ResponderExcluirSilvia, que texto lindo. Traça uns diálogos longínquos com mitos e muito psicolégico. Parabéns
ResponderExcluirObrigada José, fico feliz pelo elogio vindo de você...
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