terça-feira, 25 de outubro de 2011

Era uma vez na vida...

Era uma vez uma menina que morava dentro de uma mulher, ou era uma mulher que morava dentro de uma menina? Não se sabia, o que se sabia é as duas ocupavam o mesmo corpo. Essa menina-mulher ou mulher-menina, fora criada por uma menina que tinha muitos medos, que por sua vez tinha sido criada por outra menina, que sentia mais medo ainda. Esse medo as ligava, era um grande cordão que as entrelaçava na linha do tempo.  Dentre todos os medos, o maior dele e principal, era reconhecerem-se Mulher. Passaram toda uma vida negando a si mesmas esse fato, preferiram continuar meninas, era mais seguro. E por segurança, criaram muitas verdades inventadas, que foram passadas por este cordão a menina-mulher. E esse cordão ia se enroscando nela, dando voltas em sua vida, sussurrando em sua alma as verdades inventadas: não cresça, não seja mulher, os homens são perigosos... E sempre que a menina tentava se desatar, mas forte o cordão se enroscava nela, a aprisionando nestas verdades inventadas. Impossibilitando-a de ser, simplesmente ser. Assim, o tempo foi passando e a menina presa em sua meninez.
Sempre que um homem tentava se aproximar dela, a menina,  ela o negava, o afastava, pois ele, o homem, a queria mulher, e ela não podia ser, acreditava não saber. Lembrava das verdades inventas: "Não seja..." E cada vez ela ficava mais enroscada.
Muitos foram os que tentaram ajudá-la a se desenroscar daquele cordão. Pura ilusão. A menina até parecia não querer crescer... Vivia em seu mundo de sonhos. E parecia feliz...
Um dia, desapercebida na vida, a menina encontra um livro e, como adorava histórias, o pega para ler. Não sabia, a menina, que aquele não era um simples livro, nas páginas daquele livro se escondia um grande mistério feito em palavras. O mistério de sua própria vida. Ao ler a primeira página a menina começa a perceber que ali está mais do que uma simples história. E a cada página que lia, o livro ia se desfazendo e como magia, o cordão que a enroscava também. E ela ia deixando de ser menina e se transformando em uma mulher. Livro e cordão iam criando formas, que dançavam ao redor dela.  Quando ela terminou de ler, se deu conta que o livro havia se transformado em  um homem e que ela não era mais uma menina, sim uma mulher.  Num gesto de profunda cumplicidade, o homem a sua frente segura a sua mão, a acolhe em seus braços e sussurra em seu ouvido: Seja!

domingo, 9 de outubro de 2011

Sobre a fé


Um mês se passou desde o dia em que a menina resolveu partir. De seu boneco, desde que ele criara asas e voara, não teve mais notícias. Apenas pressentia e sentia que ele agora vivia a felicidade. A ela, menina, coube seguir seu caminho, seguir adiante sem olhar para trás. Levar no caminho esse amor tão imenso e tão seu. Somente seu. Indiscutivelmente seu. Sentir em sua alma a sua presença e a alegria de seguir amando, seguir sonhando e seguir acreditando...

Acreditando que um dia alguém acordará bem cedinho, junto com o sol e regará algumas palavras em seu canteiro. Adubará outras e as fertilizará para compartilhar com ela no café da manhã. Quando ela acordar a mesa já estará posta e ao lado de sua xícara haverá sempre um ramo de palavras-flores colhidas com paixão para enfeitar seu dia. E quando ele beijar seus olhos e lhe disser: vem? Ela responderá com toda a certeza d’ama: Vou!


PS: o trecho em negrito é parte do poema do escritor Carlos Eduardo Leal. Quem quiser conhece-lo melhor, eis o link de seu blog: http://veredaspulsionais.blogspot.com/

Hoje é o dia da Maria

Lembro-me com nitidez o dia em que lhe tive em meus braços pela primeira vez. Você era igual a menina dos meus sonhos. Sim, você me apa...