sábado, 28 de maio de 2011

Sobre o amor

Quando ele chegou teve a certeza que estava ali mais que um boneco. Sempre o desejou, sempre o sonhou. E agora, estava ele ali em suas mãos. Ela era só alegria. Quanto o amava. Em sua meninez, experimentou pela primeira vez a felicidade. Era tão imenso ser com ele.
O cuidava como uma mãe a um filho. O limpava. O arrumava. O penteava. O mimava. Dedicou a ele o que ela acreditava ser amor.
Um dia, sem que a menina esperasse, um desses vendavais da vida passou e levou seu boneco. Foi como se tivesse levado a alma da menina também. Não sabia sua alma ser só... Desesperada, a menina,  saiu a procurá-lo. Procurou por todos os lados, foram dias e dias de procura. Parecia até que ele não queria ser encontrado. Mas ela o encontrou. Não mais como era. Estava ele, totalmente quebrado. A menina juntou o que sobrara dele e o levou para casa. O limpou, o remendou...  agora, ele parecia um pouco com o boneco que um dia fôra, mas lhe faltava algo. Ela não sabia o que era. Mas faltava.
Esperançosa, a menina colocou o boneco  com todo o cuidado em uma cadeira e sentou-se diante dele, ficou ali parada por muito tempo, esperando que ele, como num passe de mágica, voltasse a ser o que era. Não conseguia fazer mais nada, a não ser ficar ali parada, esperando esse dia. Pura ilusão.
Doze anos se passaram para que a menina entendesse que estava presa ao que ela acreditava ser o seu amor por esse boneco. Entender que ele não era mais o mesmo. Entender que ela não era mais uma menina. Entender que a vida tinha passado para ambos enquanto eles viviam essa dupla prisão.
Com muito esforço, a menina se levantou. Foi até o espelho, enxugou a lágrima que escorria em seu rosto, abriu a porta e partiu. Partiu deixando para trás a casa, o boneco e tudo o que pudesse lembrar que um dia se pertenceram.
Para sua surpresa, ao olhar para traz, viu que o boneco criara asas e voava. Só aí percebeu o óbvio: ele não era um boneco.

Hoje é o dia da Maria

Lembro-me com nitidez o dia em que lhe tive em meus braços pela primeira vez. Você era igual a menina dos meus sonhos. Sim, você me apa...